Aniversário de 70 anos do Autódromo de Interlagos


Curva do Lago, Reta Oposta, Pinheirinho, Laranja, Ferradura, Curva da Junção são nomes inesquecíveis para a história do automobilismo mundial.

Quem o conhece não percebe que ele já é um senhor da 3ª idade, 70 anos completados em 12 de maio. Localizado entre dois lagos na região sul da capital paulista, o Autódromo de Interlagos foi rebatizado em homenagem ao piloto José Carlos Pace, o Moco, vencedor com uma Brabham do GP Brasil de Fórmula 1, em 1975, melhor, fazendo dobradinha com o Emerson em 2º lugar.

Foto do primeiro ingresso, 12 de maio de 1940, com direito a acompanhar pilotos lendários, como Chico Landi, Manoel de Teffé, Arthur Nascimento Junior dentre outros.

O responsável pela construção do autódromo foi o engenheiro britânico Louis Romero Sanson, da empresa Companhia Auto Estradas, tomando como base visitas que fez a diversos circuitos europeus e Indianápolis, nos EUA. A corrida inaugural contou com um público de 15 mil pessoas, o traçado considerado longo para a atualidade contava com 7.960 metros originais e o sentido anti-horário ainda é uma inovação. Tudo bem não ter o S do Senna, em compensação a média horária era inferior a de hoje, ou seja, começava a acelerar pouco antes da curva da junção, liga o circuito principal ao anel externo, e só diminuia depois da reta oposta, já chegando na curva da Laranja.

Palco das principais provas do automobilismo nacional tornou possível e sediou as Mil Milhas Brasileiras, todas as categorias de turismo, carros preparados, monopostos protótipos e fórmulas. Seu primeiro GP Brasil de F – 1 em 1972 foi amistoso, mas o teste positivo para no ano seguinte tornar-se oficial. Já em 1978 foi para o Autódromo de Jacarepaguá no Rio de Janeiro, aquele que está abandonado, tanto quanto o Internacional de Goiânia – Ayrton Senna, mas no ano seguinte retornou para Interlagos. Nova alteração de endereço de 1980 a 89. Em 1990 voltou para ficar e ser reconhecido como um dos principais circuitos do automobilismo mundial e a principal melhora para os pilotos e mecânicos foi a retirada das ondulações da pista. Até o momento são 27 GP oficiais da F – 1, sendo que, os últimos 05 títulos foram decididos nele. O alemão heptacampeão, Michael Schumaker é o piloto que mais vezes aqui venceu, 04 edições.

A grande transformação pós abandono veio com a Prefeita então pelo PT, Luiza Erundina, que nomeou o conhecido e popular jornalista esportivo Juarez Soares como Secretário Municipal de Esportes, o qual não escondeu as necessidades de reforma para voltar a sediar um Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 e até hoje se propala que o autódromo recebe cerca de 1 milhão de dólares anuais para sua manutenção, em se tratando de poder público, imponderável atitude. A reforma aconteceu após seu administrador há mais de 20 anos, Chico Rosa, que também auxiliou nas carreiras de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna; por próprias expensas ir até a Inglaterra estar com Bernie Eclestone que repassou às exigências da FIA para que voltasse a receber a Fórmula 1 a partir de 1990. A principal reforma reduziu a pista para 4.325 metros e adequando o circuito para as novas exigências comerciais e não técnicas. A desculpa era de que um traçado longo deixa o custo de transmissão muito elevado para as emissoras de Rádio e Televisão, além de que, acreditava-se que com os carros percorrendo menos voltas o tempo de exposição dos patrocinadores fazia uma pesada relação entre custo e benefício, o que jamais foi verdade.

Após essa reforma e com a consolidação de sede da Fórmula 1 e outras categorias mundiais, o então governador de Goiás, Marconi Perillo, solicitou credenciais junto a Federação de Automobilismo do Estado de Goiás, popularmente conhecida como FAUGO, para conhecer as novas instalações no que foi prontamente atendido. Por duas vezes o estado fez licitação para reformar o asfalto da pista que teve espessura de 13cm/s e com a mesma composição de um dos aeroportos de tráfego mais intenso do mundo, o Charles de Gaule, Páris – cidade luz e capital da França. Como o estado é mal pagador, ninguém se interessou.

O livro “Anuário Interlagos 2010 – 70 anos de em velocidade” idealização de Gilberto Figueira foi lançado ontem pela data alusiva ao aniversário do Autódromo e conta sobre a carreira de pilotos que se formaram aqui e conquistaram o título de campeão pelo menos duas vezes, como Emerson, Piquet e Senna. A administração do autódromo criou uma singular calçada da fama já batizada de “Pé Pesado da Fama”, onde os pilotos deixarão marcados com o pé direito, o do acelerador, sua histórias notáveis. O museu do troféu será implantando também.

Em se tratando de referência, os pilotos que estão na principal categoria do automobilismo internacional, a F -1, Rubens Barrichello, Felipe Massa, Lucas Di Grasi e ainda Brunno Senna, todos fizeram de Interlagos escola.

Enquanto repórter da Televisão Brasil Central fiz enquetes com os pilotos que disputavam Campeonatos Brasileiros e todos eram unanimes em afirmar que preferiam o percurso antigo, alguns se referiam a época romântica do Autódromo de Interlagos José Carlos Pace, o Moco, aqueles que há pouco tempo eram considerados os dinossauros da Stock Cars, por exemplo.

Humildemente, graças a colaboração de um ídolo dos automodelistas de fenda, o amigo, entusiasta, piloto e preparador Arcídio Gonçalves Castro Júnior, temos fotos de uma pista SCX de 04 carros, montada exatamente com o traçado antigo de Interlagos, se deliciem por favor e não se esqueçam de cantar os parabéns.



Fotos de uma pista SCX armada com o circuito principal de Interlagos, antes da reforma

Enorê Brião Bragança

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