"Concorrência desleal e ritmo das importações inibem o crescimento da SCX no mercado brasileiro!"
revelações de BRUNO, diretor de marketing da Califórnia - distribuidora SCX e SPIRIT no país.
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Como antecipamos, a esperada entrevista com Bruno M. Soldovieri, 23 anos, Graduado em Administração e Marketing pela Escola Superior de Propaganda e Marketing(ESPM-SP), Gerente de Marketing e Produto da Califórnia, representante da SCX e da SPIRIT no Brasil. Credencia-se como automodelista de fenda que tem modelos no armário, ou seja, coleciona ainda nas caixas e embalagem de acrílico, mas não compete, prefere contemplar as réplicas. Acatamos a solicitação de não publicar sua foto.
Por que os lançamentos da SCX demoram a chegar ao Brasil?
Simplesmente o entrave burocrático do processo de importação. Este trâmite costuma demorar entre 90 a 150 dias dependendo da qualificação e do processo de desembaraço aduaneiro no porto. A qualificação passa por testes no INMETRO para classificação de faixa etária etc., tudo demanda tempo. Os lançamentos deste ano da SCX não temos fotos ainda, mesmo porque eles vão realizar uma convenção em Maio mostrando e explicando os lançamentos deste ano.
Há um contraste entre a política da SCX, marca espanhola; e da SCALEXTRIC, inglesa; essa disponibiliza peças avulsas da carroceria ou toda. Já se alertou a SCX que o consumidor brasileiro prefere gastar com manutenção com um automodelo e adquirir outro diferente ao invés de ter dois exemplares do mesmo modelo? [i]
Desde que iniciamos o trabalho com a SCX no mercado brasileiro disponibilizamos toda a parte de acessórios para os carros, desde motores, pneus, contatos até pistas especiais para serem incluídas nos sets. Existem lojas especializadas que possuem todos os produtos, mas realmente, estas peças de acabamento não vem ao Brasil, nem pela SCALEXTRIC, que na Espanha é chamada de Superslot.
A SCX investe em automodelos de categorias populares do automobilismo norte americano, como a Nascar que não faz sucesso no Brasil. Como reverter esse quadro?
Para reverter este quadro o mercado brasileiro terá que ter maior participação no faturamento mundial da marca espanhola, SCX é uma abreviatura de SCALEXTRIC, mas são firmas distintas; e hoje o mercado americano participa com a maior parte juntamente com o mercado europeu. O mercado brasileiro ainda é relativamente pequeno comparado com outros. A Tecnitoys, fabricante da SCX, sempre lança a cada ano, pelo menos, 10 novidades nas principais feiras de brinquedos do mundo e a Califórnia Toys sempre trouxe ao Brasil estas novidades. Quando assumir uma condição de destaque para a SCX, questões como da carroceria serão facilmente conduzidas e atendidas. Para esclarecer dúvidas, Scalextric foi fundada com o nome de Scala Eletric, por seu fundador na Inglaterra, o fundador era um americano. Após alguns anos veio a abreviação do nome para Scalextric. Alguns anos se passaram e a Scalextric foi vendida para a empresa Inglesa Hornby Hobby, que faz trem elétrico. A Hornby abriu fabrica na Austrália, México e Espanha. No meio dos anos 80, ela fechou a fabrica da Austrália, transformou a do México em um galpão de estoque para a América, e a da Espanha foi comprada pelos espanhóis. Após uma briga judicial na Espanha, ficou acertado que na Espanha o nome Scalextric era da firma Espanhola Tecnitoys Juguetes, e a firma inglesa usariam Superslot na Espanha. Fora do território Espanhol, o nome Scalextric era da firma inglesa Hornby Hobbes, e a firma Tecnitoys Juguetes teriam de usar outro nome, e ai ela escolheu SCX.
Estamos em negociação com grandes redes e espero que até o final do ano já possamos estar nas principais cidades de toda região centro oeste. Sobre os custos essa decisão não os minimizaria, já que, comparados aos mercados do leste europeu e Ásia são considerados baixos.
O automodelismo de fenda mobiliza um investimento de mais de 60 milhões de dólares anuais no Brasil. Qual o percentual destinado as réplicas?
Não existe tal cálculo ainda, estamos estudando com maior clareza este mercado há cerca de 2 anos e se divide entre colecionadores, consumidores casuais e automodelistas de fendas. Existe uma concorrência desproporcional que não serve de referência em estatística oficial, pois os vendedores do Mercado Livre possuem acesso ao mercado internacional, não recolhem impostos, encargos sociais e não nacionalizam nada, portanto, não há como competir. O Mercado Livre cria problemas para toda a indústria nacional e creio que se o governo não abaixar os impostos, elevadíssimos por sinal, dificilmente o site irá deixar de criar tais problemas. Essa facilidade improdutiva permite que comercializem lançamentos que são liberados meses depois pelas autoridades que fiscalizam a importação.
Como forma de massificar essa modalidade de esporte, por que não investir em competições regionais e posteriormente em uma nacional?
Desde 2003 que a Califórnia Toys trouxe ao Brasil o SCX e massificou o esporte de automodelismo de fendas, a empresa patrocina campeonatos espalhados principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Em São Paulo realizamos cerca de 2 a 3 campeonatos por ano desta categoria. Para explorar esta alternativa a empresa investe na distribuição do produto, juntamente com a ampliação da rede de assistências técnicas no país, e treinamento nas lojas locais para melhor comunicação com os consumidores finais.
Na medida que o mercado local cresce, campeonatos são criados nos principais distribuidores e com isso aumenta o número de aficionados ao esporte.
Existe a possibilidade de criar-se um campeonato em Goiás, porém depende de acordos comerciais com distribuidores locais.
Em se tratando de preferência, como está o consumo entre produtos analógicos e os digitais? Os digitais trocam de pista com controles e placas especiais que ficam no automodelo, simulam o re abastecimento permitido até o ano passado na F-1 como pit stop, quanto maior energia acumulada pior o desempenho de velocidade, correspondendo ao peso, daí a importância também da estratégia.
Os analógicos ainda correspondem pela grande maioria do mercado devido ao custo mais baixo comparado ao digital. Porém, se falando em crescimento o mercado de digitais está maior do que o de analógicos, indicando a tendência dos próximos anos.
Nova tecnologia permite 24 automodelos digitais competindo simultaneamente, com controles sem fio, wireless; e telemetria de todo o desempenho de cada participante, enquanto a SCX permite no máximo 06 e a NINCO 08 carros. A SCX se preocupada com esse mercado? Os sets da SCX não são compatíveis com essa tecnologia, somente os da SCALEXTRIC e a NINCO.
Esta tecnologia ainda é muito cara para ser comercializada no Brasil com êxito, acredito que nos próximos anos a SCX atinja este nível e comece a produzir com preços acessíveis.
A comercialização dos produtos digitalizados da também espanhola SPIRIT [ii] para SCX tornou-se um tiro no pé?
Infelizmente, não sei te responder. Creio que o ARCÍDO JÚNIOR da TRION possa te responder com maior clareza. Ainda não recebemos nenhuma reclamação a respeito. Sei inclusive que quem apresentou a solução foi esse Blog, após pesquisa no fórum da revista americana SlotCars Illustrated.
Obrigado pela oportunidade desta entrevista.
Bruno M. Soldovieri
Gerente de Marketing
www.californiatoys.com.br
[i] Em Goiás as competições são amistosas, não ha pista de madeira com acordoalha imantada; em seu regulamento o carro só pode se inscrever se tiver com todos os retrovisores, aerofólios e demais apêndices da carroceria. Caso ela seja danificada durante a prova poderá concluí-la, mas não se inscrever em outra sem substituir. Isso tem feito que os desportistas descubram peças sobressalentes em atacadistas de brinquedo, até de plástico ao invés de comprar os oficiais, aceitas pelo regulamento por essa carência de peças sobressalentes. Outro fator importante é que a diversificação da pintura e decalques das carrocerias é mínima, com a venda avulsa o aficionado poderia colocá-la ao seu gosto, preferência absolutamente maior entre os automodelistas de fenda, o que facilita a identificação durante uma corrida.
[ii] Os motores xXx da SPIRIT, também chamados de triplo X; tem 25.000 rpm/s o que impede o registro do número de voltas, tomada de tempo e ainda re abastecimento além dos preços não serem nada competitivos. Segundo vasta literatura estrangeira e ainda a assessoria sempre presente e precisa do ARCÍDIO JÚNIOR da TRION, assistência técnica das marcas que atuam no Brasil; o motor mais possante que gira sem prejuízos ao processamento de dados na digitalização da SCX é no máximo de 19.000 rpm/s.
Parabéns pela entrevista !!
ResponderExcluirExistem uma serie de problemas abordados no artigo com o qual concordo, no entanto, um maior investimento em marketing, poderia massificar o esporte, reduzindo os custos via aumento de escala ! Outro fator importante seria a redução dos impostos, abusivos no Brasil !
sds
Penso que , na realidade brasileira este esporte está muito além do plausível, referenciando seus preços.
ResponderExcluirNa Europa se gasta 35 a 60 euros num modelo de ponta, já aqui se gasta R$350,00 num modelo read to run. Esta discrepancia, que tem nos impostos e licenciamentos apenas um de seus componentes, impede a massificação .
Pena, pois a ganância não pode ser atribuida apenas ao governo e as legislações e normatizações.